INC04 13 Da Escola da Violência a Violência na Escola: Um estudo sobre as repercussões do estágio da psicologia na vida das crianças de uma escola pública com programa de escola integrada de Belo Horizonte

Francisco José Machado Viana[1]

Diego Alves [2]

Leila Silva Lemes [3]

Ronie de Oliveira Gualberto [4]

Gabriela Guimarães Maia [5]

 

RESUMO: O artigo trata da apresentação dos resultados de pesquisa de avaliação da efetividade das atividades do estágio realizado pelos alunos do Centro Universitário Newton Paiva para a construção de comportamentos mais solidários, cooperativos e não violentos. Tendo como eixo central o tema da violência, parte-se da premissa que o tema exige da sociedade em geral e do poder público em particular uma determinação de criar as condições reais e necessárias para sua redução. O estágio caracteriza-se pelo uso de atividades de oficinas tendo como tema central a violência. Os resultados encontrados são animadores, pois demonstram que as crianças participantes reconhecem o trabalho realizado e seu impacto em suas vidas.

 

PALAVRAS-CHAVE: Violência, Educação, Intervenção Psicossocial.

  

ABSTRACT: The article deals with the presentation of the results of an evaluation research of the effectiveness of training activities carried out by students of the Centro Universitário Newton Paiva, so as to build more supportive, cooperative and non-violent behavior. With the issue of violence as the central axis, we start from the premise that the subject demands from society in general, and government in particular, a determination to create the actual and necessary conditions for its reduction. The stage is characterized by the use of workshop activities with the central theme of violence. The results are encouraging because they show that the participating children recognize the work and its impact on their lives.

KEYWORDS: violence; educacion; pysicology intervencion.

  

Introdução

 

Criança, escola e violência

Atualmente, a violência é um tema que exige da sociedade em geral e do poder público em particular, uma determinação de criar as condições reais e necessárias para sua redução. A primeira década do século XXI no Brasil, um país em desenvolvimento, viveu um longo momento desenvolvimento econômico com melhorias dos indicadores sociais e baixos índices de desemprego. Ao mesmo tempo, o país conviveu com taxas de mortes e ferimentos por violência que se compara a países em guerra.

Essa violência apresenta-se em conflitos resultantes das disputas no tráfico de drogas, nas brigas de gangs, nos crimes associados a assaltos e roubos, a violência no trânsito, etc. São tantos os cenários por onde encontramos a violência, que a escola certamente não ficaria isolada como espaço reinante da paz. A violência como qualquer outro tema social depende da cultura, do ambiente, da idade, da pessoa, entre outros fatores.

O projeto de estágio que pretendemos avaliar consiste na atuação dos alunos do Centro Universitário Newton Paiva na Escola Municipal Hugo Werneck atendendo a necessidade em três focos: necessidade da escola, necessidade da criança e necessidade dos estagiários. O enfoque geral do tema é a análise da violência. O projeto articula a relação dos conteúdos com a realidade do aluno para que, dessa maneira, estimule-se o pensamento e a reflexão. Diante disso, nosso plano de ação abre as possibilidades de intervenção, tendo assim uma visão da necessidade da escola, da criança e dos próprios estagiários participantes.

A realidade das escolas, principalmente as públicas, não apresenta ferramentas necessárias para conduzir situações de violência. Nesse sentido, a escola em questão abriu espaço para que pudéssemos auxiliá-los nas diversas situações que o tema da violência engloba. O trabalho permite a participação de estagiários, professores, coordenadores e demais funcionários, de forma indireta e torna-se fundamental para abrir novas maneiras de trabalhar com o tema escolhido.

Segundo o professor de Ciência da Educação Bernard Charlot (2002), a violência pode ser classificada em três níveis:

– Violência (que inclui golpes, ferimentos, roubos, crimes, vandalismos e sexual);

– Incivilidades (humilhações, palavras grosseiras e falta de respeito);

– Violência simbólica (institucional compreendida como desprazer no ensino por parte dos alunos e negação da identidade e da satisfação por parte dos professores).

Compreende-se a partir desta classificação que a violência é consequência da interação do indivíduo com o meio social. A expressão da violência sempre se apresenta na relação com os outros sujeitos sociais.

A psicologia auxilia através da escuta do discurso do sujeito e busca investigar alguns fatores determinantes para o aparecimento de formas diversas de violência. Sabemos que as crianças reproduzem no seu dia-a-dia algo que está inserido na sua história e na sua rotina e, por meio da referida disciplina, temos acesso às novas possibilidades de interação e intervenção, nas quais a violência não esteja tão presente.

Justificativa

Neste estágio, foram propostas atividades que pudessem estreitar os laços tanto no âmbito escolar quanto no familiar e social das crianças. Essas atividades foram realizadas em forma de brincadeiras com o propósito de fortalecer os laços sociais.

Trabalhar com o tema da violência dentro do ambiente escolar requer, além da formação profissional, a disposição da escola em promover espaço para essa discussão.

O que esperamos através do estágio é oferecer, na prática, a possibilidade de experimentar o que aprendemos em sala, além de ajudar na formação e na conduta das crianças de maneira a contribuir para a construção de um mundo mais justo, igualitário e humano.

Metodologia

Essa pesquisa foi realizada com um grupo de crianças em encontros semanais. Em primeira instância, o objetivo era trabalhar o tema violência, mas com o passar do tempo foi dada a voz aos próprios alunos que começaram a demandar diversos assuntos. Um grupo de quatro alunos de psicologia coordenavam as atividades e os encontros, porém toda a demanda era das crianças.

Começamos a trabalhar primeiro com uma roda de conversa. Num segundo momento, vimos que a demanda de energia era muito grande por parte das crianças. Em seguida, elaboramos um projeto de gincana. Nesta gincana eram feitas brincadeiras tanto quanto de cunho intelectual e de pensamento, tais como: como uma prova de escrever uma frase para uma professora, ou uma brincadeira da corrida dos cones.

Nas brincadeiras procuramos trabalhar alguns pontos:

  • Disciplina;
  • Respeito e empatia com o outro;
  • As brigas muito frequentes entre eles;
  • Questões de gênero (brigas entre meninos e meninas);
  • Aceitar a perder, a falha, a frustração;
  • Um espaço completamente deles para dizer e fazer o que quiserem com liberdade e responsabilidade.

Utilizamos como método, além das brincadeiras, o nosso olhar diferenciado para determinadas “habilidades”, alguns alunos eram muito bons em matemática, outros em relacionamento, e nós os convocamos a ocupar esse lugar de autoestima, valorizando suas potencialidades.

Trabalhamos com grupos diversos de brincadeiras, grupos com meninos e meninas em um sentido de se trabalhar o conceito de gênero e diversidade. Outra metodologia utilizada pelo grupo foi a realização de encontros quinzenais em que discutimos textos sobre educação e psicologia e sobre o desempenho do no nosso trabalho.

Assim, os alunos podiam encontrar na figura do coordenador um aporte para tirar suas dúvidas. Como parte da nossa rotina de trabalho, os encontros foram caracterizados pela pontualidade de início e término das atividades com duração aproximada de 2 horas semanais.

Vale a pena ressaltar que a seleção dos alunos foi feita pela escola com critérios próprios, sem nenhuma intervenção do grupo de estagiários ou do professor supervisor. Todos os alunos selecionados faziam parte da atividade chamada de escola integrada. A escola integrada oferece atividades no contra-turno de estudo, contribuindo com o desenvolvimento global das crianças.

A violência na escola é um problema bastante complexo e real, principalmente em um país em que a desigualdade está presente e o Estado que funciona de maneira ineficiente. Esses fenômenos são conectados a fatores socioeconômicos e também ao âmbito cultural e psicossocial. Para uma possível resolução, faz-se necessária o envolvimento de professores, alunos, gestores, comunidades escolares, família e sociedade.

Para análise das entrevistas (foram realizadas duas entrevistas, com 4 alunos ao todo), que fizemos com alguns dos alunos (escolhidos de forma aleatória), que participaram do estágio, para auxiliar na elaboração do presente artigo foram definidas algumas categorias:

Violência entre os alunos;

Indicadores utilizados pela escola para acompanhamento;

Atividades realizadas pela Escola Integrada que traga situações de violência;

Mudanças de comportamento antes e pós-estágio;

Organização familiar/Escola;

Acesso ao Centro Universitário Newton;

Atividades realizadas pelo estágio.

 

Resultados

Para analisar os resultados obtidos, utilizando da categoria de análise “a violência entre alunos”, não foi percebido nas entrevistas, a existência de algum tipo de violência entre eles. Ou seja, nas entrevistas os alunos participantes não relataram nenhum episódio de violência entre eles durante as atividades desenvolvidas no estágio. Entretanto, no primeiro dia de atividade na escola, dois alunos brigaram e um dos integrantes do grupo de estagiários, interveio apartando a briga. Esse episódio de violência entre os próprios alunos, não mais se repetiu no decorrer do estágio.

A relação entre a violência e a escola pode ser considerada sob diferentes prismas: o da violência que acontece na escola, aquela feita à escola; e a violência da escola (CHARLOT, 2002). Durante o estágio, não ficou claro, se a escola utiliza de algum indicador para acompanhar o desenvolvimento dos alunos participantes. Desta forma, percebe-se como o tema do artigo está presente na rotina escolar, já que através da fala alunos e funcionários da escola ficou evidenciado como a violência afeta a todos.

A categoria, atividade realizada pela escola integrada (E.I.), que traga situações de violência, também não se fez presente nas entrevistas. Nas visitas feitas à escola não observamos fatos em que essa categoria ficasse clara. Entretanto, professoras relatam algumas dificuldades existentes na relação professor-aluno e aluno-aluno, envolvendo atitudes de violência verbal e situações de desrespeito vindas de ambas as partes.

Queríamos em nosso estudo, perceber alguma mudança no comportamento dos alunos participantes ao final do estágio. Através da categoria mudanças de comportamento antes e pós-estágio. Nas entrevistas essa categoria aparece nas falas dos alunos e pais. Vejamos:

E você percebe alguma mudança no comportamento da sua filha?”

P: Acho que teve sim. Quando ela entrou para a escola, era muito paradinha e depois começou a desenvolver melhor. Mesmo que os participantes não tenham sido mais específicos, em relação ao tempo e conhecimento do trabalho feito na Escola, eles falam que alguma coisa aconteceu, alguma modificação em suas atitudes apareceu. [6]

É preciso que olhemos com atenção e carinho para nossas escolas, integrando não somente a família, mas também a comunidade local, pois mudanças precisam ocorrer para que novas perspectivas apareçam no ambiente escolar. Para isso, é preciso escutar o que alunos e funcionários tenham a dizer, ou seja, estar atento e aberto ao discurso do outro, interagindo e integrando através de relação transparente e mais acessível:

E: Você percebe se aqueles momentos te ajudou ou não em alguma coisa?

P: Me ajudou no meu desempenho, antes eu não fazia atividades em grupos e depois passei a participar. Eu achava chato, ficava mais calada não conversava muito, depois passei a fazer mais amigos e a participar das coisas. E: Como que é estar em grupo com você?

P: Tenho mais amizades, converso mais, sobre coisas diferentes.

E: Diferentes como?

P: (A mãe responde) Ela tinha muito medo de procurar as pessoas e elas falarem não, depois disso ela passou a conversar mais com as pessoas.

E: Você tem medo de receber um não?

P: Tenho.

E: Em quais situações?

P: Nas amizades. (Mãe) Antes ela tinha uma amiga somente, e agora tem mais amigas. Ela tinha medo das pessoas não querem ser amigas dela, e agora mudou.” Esse trecho fica perceptível a importância de ouvir e procurar entender o outro de alguma forma.[7]

Para que mudanças aconteçam, relacionadas ao quadro de violência na escola, é preciso buscar, através da ética e da moral, o bem estar coletivo, em que todos os participantes que afetam e são afetados de alguma maneira, (de forma direta ou indireta).

Organização Familiar/ Escola

Sabemos que é fundamental a participação da família no que diz respeito ao aprendizado das crianças. O que foi percebido nos meninos que entrevistamos é que a família é uma interrogação e parece desconhecer completamente a sua influência. Na entrevista com a mãe, ela não soube precisar as práticas da escola com detalhes, e somente a elogiou:

E: O que você entende ser o papel da Escola na vida de sua filha?

P: A escola é boa, não tenho nada a reclamar, a aprendizagem dela é boa. [8]

 

Diante da constatação exposta, pergunta-se: Que tipo de contato a escola tem de promover com a família? Como repercutem estas tentativas quando elas ocorrem? Sobre família e escola, Bock, Furtado e Teixeira (1999), nos ensinam que o grupo familiar tem uma função social determinada a partir das necessidades sociais, sendo que entre suas funções estão: o dever de garantir o provimento das crianças para que possam exercer futuramente atividades produtivas; o dever de educá-las para que “tenham uma moral e valores compatíveis com a cultura em que vivem” (TEIXEIRA, 1999, p.238).

Este grupo familiar, no recorte da realidade brasileira, não tem plenas condições de exercer esta função social, por uma série de fatores que advém da desigualdade.

Sobretudo sobre esta função da família, Oliveira (2002, p. 16) resume dizendo que “a educação moral, ou seja, a transmissão de costumes e valores de determinada época torna-se, nesta perspectiva, seu principal objetivo.” É preciso repensar que valores e costumes são adotados por aquela comunidade e mais especificamente sobre aquela família.

Sobre a função da escola, Saviani (2005) nos ensina que a escola relaciona-se com a ciência e não com o senso comum, proporcionando a aquisição de instrumentos que possibilitam o acesso ao saber elaborado (ciência) e aos rudimentos (bases) desse saber.

A complementariedade da escola e família é que fazem urgir o sistema social educacional. Se não existir essa relação de reciprocidade este sistema produz falhas.

Ambas funções se enlaçam e compartilham a tarefa de preparar as crianças e os jovens para “[…] a inserção crítica, participativa e produtiva na sociedade” (REALI & TANCREDI, 2005, p.240).

A subjetividade é um campo extenso, mas acreditamos que o impacto de uma atividade diferente na escola faz repensar práticas em casa:

E: O que você acha que do trabalho você levou para a sua casa?

A1: Na minha casa eu não esperava para falar, falava enquanto outras pessoas estavam falando, agora eu espero, escuto o que as pessoas estão falando. Ficava respondendo e não sabia conversar, agora eu mudei. Algumas brincadeiras que vocês fizeram com a gente, eu fiz com as minhas irmãs, levei para a minha casa.[9]

A Família deve procurar a escola ou a escola deve procurar a família? Tancredi e Reali (2001, 2002), Caetano (2004) acreditam que a construção da parceria entre escola e família é função inicial dos professores, pois eles são elementos-chave no processo de aprendizagem. Dada a formação profissional específica que os docentes possuem, as tentativas de aproximação e de melhoria das relações estabelecidas com as famílias devem partir, preferencialmente, da escola, pois “transferir essa função à família somente reforça sentimentos de ansiedade, vergonha e incapacidade aos pais, uma vez que não são eles os especialistas em educação” (CAETANO, 2004, p. 58).

Esta contribuição é fundamental para percebermos que a escola deve convocar. Entretanto, é preciso que a família também faça parte e saiba ou procure saber como dar sua contribuição.

Nos chama a atenção a angústia/ansiedade da mãe entrevistada que não consegue explicar detalhes da vida escolar da filha, não por desconhecimento, mas talvez por um pesar diante da dúvida de sua contribuição/participação.

Interessa profundamente mediar essa relação e esclarecer as famílias o seu lugar. Quanto a escola, evidenciar o seu papel enquanto profissional e construtora do conhecimento.

O Centro Universitário Newton não restringe o acesso da comunidade, podendo fazer o uso da clínica da saúde e de alguns setores como a biblioteca e estágios em campo. Entretanto, é necessário uma maior e melhor divulgação, para que o acesso aos diversos setores e campos existentes, alcancem ao conhecimento da comunidade. O Centro Universitário Newton tem como missão “Instruir, educar e agregar valores que façam de nossos alunos, lideranças reconhecidamente transformadoras e preparar a comunidade acadêmica para vencer a complexidade, propiciando dignidade à vida humana” (NEWTON PAIVA, 2016).

Nas entrevistas temos a fala de uma mãe, na qual a noção superficial do trabalho que a Newton exerce com a comunidade:

E: Você conhece a Newton?

P: Conheço, ela já fez acompanhamento com a Psicologia a um ano atrás.

E: Conhece outras coisas da Newton além da Psicologia?

P: Conheço o dentista.

E: Você sabia que a Newton faz trabalhos na escola?

P: A minha filha já comentou algumas coisas. (Não soube falar o quê)

E: O que você entende do trabalho da Psicologia?

P: Acho um trabalho bom.

E: O que a senhora acha que é?

P: Saber o que acontece dentro de casa, o que está passando com a família, não sei explicar muito bem.

E: Como você acha que a faculdade pode ajudar a sua família? Alguma coisa que teve impacto.

P: Não sei, acho que não teve nada.

E: Sua filha chegou a falar do nosso trabalho para a senhora?

P: Ela falou que tinha palestras, passou bastante tempo né, mas ela comentou que gostava de participar. [10]

Utilizamos a categoria acesso ao Centro Universitário Newton, com a intenção de entender o quão a relação da Newton com a comunidade é divulgada e entendida. As atividades exercidas durante o estágio na Escola eram semanais, tendo como foco a interação alunos entre alunos e alunos entre estagiários. Queríamos, através das atividades, que as crianças pudessem falar, e a partir daí escutássemos o que elas têm a dizer sobre a escola, casa, família, amigos e o seu cotidiano.

Utilizamos de brincadeiras com bola, corda, jogos matemáticos e rodas de conversas para criarmos laços com os alunos. Com base em MOURA (1991), a importância do jogo, do brincar, está nas possibilidades de aproximar a criança do conhecimento científico, levando-a a vivenciar situações de solução de problemas que a aproximem daquelas que o homem enfrenta ou enfrentou.

Nas entrevistas, a categoria “atividades realizadas pelo estágio” faz-se presente em falas de algumas crianças como:

A2: Achei as brincadeiras muito boas, principalmente aquela em que tinha que colocar o pé em cima do papel. Achei vocês legais. Mas achei a brincadeira difícil, porque tinha que pensar.

A3: Achei legal, aprendi muitas coisas. Agora eu estou fazendo mais atividades e antes eu não fazia. Lembro de um jogo da corda, de pular e o cabo de guerra. Gosto mais ou menos de pular corda, meu negócio mesmo é jogar bola.[11]

Para PIAGET (1971), quando brinca, a criança assimila o mundo à sua maneira, sem compromisso com a realidade, pois sua interação com o objetivo não depende da natureza do objeto, mas da função que a criança lhe atribui.

O que nós aprendemos com as crianças foi que o nosso intenso esforço em ser ouvidos no início das atividades, pode ser substituído por um sistema intenso de vozes, não sem organização, não sem reciprocidade, mas um sistema singular produzido por sujeitos que encontravam nas atividades e nas conversas as possibilidades de construção de novas formas de relacionar com os colegas, com os estagiários e com a escola.

Acreditamos que o manejo das brincadeiras foi o principal instrumento responsável por isso, já que possibilitou o encontro, o manejo, a construção de uma relação de transferência.

Considerações Finais

O Trabalho de pesquisa parte de um desejo de se questionar enquanto academia, enquanto alunos e futuros psicólogos, enquanto universidade e seu papel. O que está sendo feito pela universidade em relação a escola a educação e as crianças da nossa realidade social?

Resolvemos então nos interrogar sobre as práticas do Centro Universitário Newton Paiva em uma disciplina prática dentro da Escola Hugo Werneck. Ninguém melhor do que os próprios participantes, estagiários, alunos e crianças, para avaliar e dizer sobre essas atividades e seus impactos.

Saímos dessa prática ainda mais provocados a sempre nos perguntarmos qual é o nosso lugar, para quem trabalhamos? Qual é a escola que queremos impactar?

Aquelas crianças nos ensinaram que eram sujeitos autores, capazes de produzir sua própria história.

Estar com elas, nos convocou a um lugar de um mediador, e também parceiro de um profissional, apesar de chamado “professor”, como éramos chamados, não estávamos nesse lugar “pedagogizante”, mas um lugar de construção de processos de autonomia.

Mas questões como ampliar e até facilitar o acesso da comunidade à universidade, não são as principais questões nesse momento. O importante é apropriar e exercer o nosso papel no campo da responsabilidade social, e identificar que este lugar está ocupado, e como tem transformado as subjetividades dos presentes envolvidos nessa atividade.

 

REFERÊNCIAS:

BOCK, A. M. B., Furtado, O., & Teixeira, M. L. T. Psicologias: uma introdução ao estudo da psicologia. São Paulo: Saraiva, 1999.

CAETANO, L. M. Relação escola e família: uma proposta de parceria. Dialógica, 1 (1), 51-60. 2004.

CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON. A Newton: home. Disponível em: http://newtonpaiva.br/newton-paiva/. Acesso em: 13 de fev. 2016.

CHARLOT, B. A violência na escola: como os sociólogos franceses abordam essa questão. Sociologias, Dez 2002, no.8, p.432-443.

DEMO, P. Desafios modernos da educação. 8ª Edição, Rio de Janeiro, Editora Vozes, 1999.

LIBÂNEO, José Carlos. Educação Escolar: políticas, estrutura e organização. Cortez. São Paulo. 2003.

MOURA, M. O. de. O jogo na educação matemática. In: Idéias. O jogo e a construção do conhecimento na pré-escola. São Paulo: FDE, n. 10, p. 45 – 53, 1991.

PIAGET, L. E. A formação do símbolo na criança. Tradução de A. Cabral e C. M. Oiticica. Rio de Janeiro: Zahar, 1971.

REALI, A. M. M. R., & TANCREDI, R. M. S. P. (2005). A importância do que se aprende na escola: a parceria escola-famílias em perspectiva. Paidéia, 15 (31), 239-247.

NOTAS DE FIM

[1] Professor orientador do Centro Universitário Newton Paiva. Email: fviana@newtonpaiva.br

[2] Bolsista, graduando em psicologia do Centro universitário Newton Paiva.

[3] Bolsista, graduando em psicologia do Centro universitário Newton Paiva.

[4] Aluno voluntário, Graduando em psicologia do Centro universitário Newton Paiva.

[5] Aluno voluntário, Graduando em psicologia do Centro universitário Newton Paiva.

[6] Parte da entrevista realizada em 14 de Outubro de 2015, com a mãe da A1 participante das oficinas.

[7] Parte da entrevista realizada em 16 de Novembro de 2015, com a aluna A1 participante das oficinas.

[8] Parte da entrevista realizada em 14 de Outubro de 2015, com a mãe da A1 participante das oficinas.

[9] Parte da entrevista realizada em 16 de Novembro de 2015, com a aluna A1 participante das oficinas.

[10] Parte da entrevista realizada em 14 de Outubro de 2015, com a mãe da A1 participante das oficinas.

[11] Parte da entrevista realizada em 16 de Novembro de 2015, com os alunos A2 e A3, participantes das oficinas.