INC01 19 – IMPACTOS E LEGADOS DOS MEGAEVENTOS ESPORTIVOS EM BELO HORIZONTE

Alessandra Bomtempo Bresolin1
Ítalo Ramos de Oliveira1
Marcella Cristiane Amaral Scotti2

.

Resumo: A partir do momento em que um país se torna sede de um megaevento esportivo, as cidades se transformam no centro das atenções. Portanto, o presente estudo propõe analisar como o desenvolvimento da atividade turística e a perspectiva da realização de um megaevento esportivo influencia na produção do espaço na cidade de Belo Horizonte. Espera-se ampliar o conhecimento sobre a interface entre impactos, legados, políticas urbanas e o direito à cidade, considerando que Belo Horizonte carece de estudos acerca deste tema.

Palavras-chave: Turismo. Megaeventos. Impactos. Legados.

.

Abstract:Starting from the moment when Brazil was selected to host a World Cup, the cities in the country, became a target of much attention. Therefore, the present study sought to analyse how the development of activities related to the tourism and the perspective of hosting such a huge event will influence the spaces in the city of Belo Horizonte. The expectation with the present study is to increase the knowledge about the impacts, legacies, urban politics, and the right to the city, especially considering that Belo Horizonte has few studies about this subject.

Key-words: Legacy, Mega Events, Brazil, Sport, Copa 2014

.

INTRODUÇÃO

As discussões acerca da reestruturação do espaço e a requalificação de áreas urbanas vêm se intensificando recentemente em função do país se tornar, nos próximos anos, sede de dois grandes eventos esportivos. Neste sentido, torna-se imprescindível compreender as rupturas, os conflitos e os impactos gerados pelas grandes intervenções no território, sejam nos âmbitos territoriais, sociais, econômicos, ambientais e políticos. Tais intervenções são realizadas no intuito de adequar os espaços para os fluxos que se darão em função desses eventos.

Neste contexto, evidencia-se a necessidade de analisar a conformação atual da gestão das cidades e os discursos que são gerados em função de tal cenário. O que se percebe é que por trás do conjunto de intervenções no território a serem realizadas, há um discurso de que a intenção das mesmas é promover o bem estar social, porém, os megaeventos são a verdadeira justificativa para as intervenções. Sendo assim, reivindicações antigas da população agora têm a chance de se tornar realidade.

Existe uma lei em Belo Horizonte que se constitui numa exceção direcionada para a Copa devido ao fato de que se detectou que há uma carência de meios de hospedagem na cidade. Portanto, em 05 de julho de 2010, por meio da Lei Orgânica Municipal nº 9952, criou-se em função da Copa de 2014 dispositivos que beneficiam a construção de novos meios de hospedagem. Porém, já estão sendo elaborados estudos que indicam um risco de super oferta de meios de hospedagem em Belo Horizonte.

No intuito de discutir essa temática, o presente projeto busca analisar como o desenvolvimento da atividade turística e a perspectiva da realização de um megaevento esportivo influenciam na produção do espaço em Belo Horizonte.

Para proceder ao processo de investigação científica, torna-se necessário formular o problema a ser respondido por meio da pesquisa. Nesse caso, foram formulados alguns problemas que nortearão a linha de pesquisa: Quais são os efeitos da implantação dos equipamentos turísticos no espaço urbano de Belo Horizonte em virtude de atender ao megaevento? Estão ocorrendo violações ao direito à cidade para implantação desses equipamentos? O que se pode aprender com a experiência de outros países que sediaram grandes eventos esportivos?

Após as questões apontadas anteriormente, este projeto de pesquisa propõe analisar como o desenvolvimento da atividade turística e a perspectiva da realização de um megaevento esportivo influencia na produção do espaço em Belo Horizonte. Como desdobramento deste objetivo geral, pretende-se avaliar os efeitos da implantação dos meios de hospedagem e instalações esportivas para atender a Copa do Mundo de 2014, sob o ponto de vista da requalificação dos espaços; identificar violações nos processos de liberação e construção dos hotéis que estão sendo “exigidos” para a realização da Copa; e identificar algumas experiências internacionais de cidades que foram sedes de grandes eventos esportivos recentemente.

Esse estudo pode servir como fonte de informação para o Observatório das Metrópoles, grupo de estudos nacional que visa criar indicadores para mensurar os impactos dos megaeventos de forma a ampliar a análise, abarcando as transformações físico-territoriais, sócio-econômicas, ambientais e simbólicas. Um dos projetos do Observatório das Metrópoles está relacionado à Metropolização e Megaeventos, uma vez que se considera que existe uma carência de estudos que visem à avaliação de impactos e do legado que será deixado para as cidades brasileiras sedes da Copa do Mundo de 2014 e Jogos Olímpicos de 2016. Segundo o Observatório, a maioria dos estudos aborda apenas os aspectos econômicos gerados pelos eventos, além da necessidade de um maior acompanhamento por parte da população das modificações que deverão ocorrer em função do evento.

Dessa forma, torna-se imprescindível realizar um estudo dos impactos dos megaeventos para identificar os prejuízos e benefícios reais à população, além de identificar os segmentos beneficiados. Não obstante, o estudo pode oferecer subsídios às políticas públicas e condições ao poder público tomar decisões mais acertadas, uma vez que pretende conhecer os impactos do evento que vêm contribuindo para a transformação da cidade.

Outra contribuição do estudo tem relação com o Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado da Região Metropolitana de Belo Horizonte que foi elaborado recentemente e propõe políticas e programas divididos em quatro eixos, sendo um deles o “eixo urbanidade” que visa, entre outros, uma política metropolitana integrada de gestão da paisagem e valorização da diversidade cultural. Entre os programas que integram essa política, observa-se o “programa de promoção de rotas turísticas” que vai ao encontro da exigência da FIFA de que existam atrações turísticas variadas num raio de 100 km, o que vem potencializando, por exemplo, o interesse na Rota Lund, projeto do governo de Minas Gerais que consiste em um Roteiro turístico que inclui o Museu de Ciências Naturais da PUCMinas, o Parque Estadual do Sumidouro e as Grutas do Maquiné, da Lapinha e do Rei do Mato, sendo que todos os atrativos turísticos do projeto estão, no máximo, a 120 km de Belo Horizonte. Sendo assim, compreender a relação entre o megaevento e o planejamento urbano metropolitano pode auxiliar na compreensão da dinâmica da região.

É importante ressaltar a especificidade deste trabalho ao propor este estudo, uma vez que é muito recente a preparação de Belo Horizonte para sediar um grande evento esportivo e, portanto, ainda não foi alvo de um estudo acadêmico com tal complexidade. Além disso, a importância fundamental de um estudo sobre o turismo em um dado território reside no fato desse tema ser ainda pouco explorado em estudos sobre a dinâmica do desenvolvimento urbano à luz da atividade turística na cidade. Por sua posição privilegiada no estado, o turismo surge como uma atividade relevante, especialmente, o de negócios, pela vocação inerente de centro aglutinador, distribuidor e espaço para negócios.

Para o desenvolvimento da pesquisa, optou-se pela abordagem qualitativa em função das características relacionadas ao tema e nos resultados esperados. A estratégia metodológica foi definida dividindo-se o plano de trabalho em 03 etapas.

A primeira etapa para o desenvolvimento do projeto de pesquisa consiste em um levantamento das teorias de vários autores referentes ao turismo, planejamento turístico, megaeventos e legados.

A segunda etapa refere-se ao estudo de caso que foi dividido em duas fases quanto aos procedimentos técnicos: a pesquisa de gabinete e a pesquisa de campo. A primeira fase corresponde a uma pesquisa exploratória em fontes secundárias tais como órgãos culturais, técnicos e científicos, sendo assim, foram realizadas visitas em locais como a BELOTUR – Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte S/A – e a SECOPA – Secretaria de Estado Extraordinária da Copa do Mundo.

A finalidade desta coleta de dados que foram levantados posteriormente por estes órgãos foi a de obter, analisar e selecionar informações que serviram de complemento para a pesquisa de campo.

Como recorte espacial delimita-se a cidade de Belo Horizonte para o estudo, e foi necessário, portanto, proceder a uma leitura aprofundada sobre a região, sob os aspectos históricos, evolução urbana, organização socioespacial, legislação urbanística e turismo.

A pesquisa de campo teve como objetivo consultar os agentes envolvidos na organização da Copa das Confederações de 2013 e Copa do Mundo de 2014 em Belo Horizonte, a fim de perceber e conhecer suas opiniões sobre a influência dos megaeventos no processo de planejamento urbano e organização do espaço. As entrevistas foram conduzidas com o apoio de um roteiro de entrevista semi-estruturado, instrumento de pesquisa do tipo qualitativa elaborado pelos autores com perguntas abertas a serem preenchidas pelos próprios pesquisadores no ato da entrevista. A técnica de entrevista foi escolhida por permitir o controle da amostra, a instrução do entrevistado e a inclusão da observação. Vale ressaltar que, além das entrevistas, foi imprescindível o mapeamento das intervenções a serem realizadas no território de Belo Horizonte no que diz respeito aos equipamentos turísticos, para facilitar a compreensão das questões colocadas.

De posse das informações, na terceira etapa, os dados foram organizados e analisados em forma de um estudo de caso, possibilitando a verificação dos aspectos inerentes ao tema proposto e considerações finais sobre a pesquisa.

.

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA  

Belo Horizonte, uma cidade imaginada e planejada entre as montanhas de Minas Gerais, foi construída e teve uma projeção de possuir 200 mil habitantes em 100 anos. Hoje, com 115 anos a cidade conta com mais de dois milhões de habitantes (IBGE 2010), por se tratar de um local agradável para se viver. Além disso, seus atrativos são muitos, atraindo turistas, principalmente, em busca de negócios, cultura e gastronomia.

Sendo assim, todo local que possui em seu conjunto elementos atrativos, que venham a desenvolver uma atividade turística, necessitam de um planejamento turístico eficiente a fim de elevar os aspectos econômicos e sociais.

Desta forma, o turismo pode ser considerado uma estratégia de desenvolvimento, e de acordo com Habahy (2003, p.60), a importância do turismo em uma economia depende basicamente:

De suas precondições naturais e econômicas – existência do atrativo turístico, infraestrutura urbana, equipamentos turísticos e acessibilidade ao mercado consumidor -, […] do papel reservado a esse setor em sua estratégia de desenvolvimento econômico.

O espaço que um determinado país destina ao turismo é fundamental para o crescimento da economia. Mas para que o turismo se desenvolva de maneira controlada, é necessário que haja o planejamento, onde se pensará nas estratégias a serem utilizadas, assim como seus pontos fortes e pontos fracos. O turismo pode trazer diversos benefícios para a sociedade, porém, é necessário pensar também nos impactos sociais, ambientais e econômicos.

Assim, é evidenciada a importância do planejamento, que quando bem feito e direcionado pode desenvolver qualquer setor. De acordo com Habahy (2003, p.59):

O sentido de efeitos econômicos e sociais do turismo não se restringe aos aspectos estritos dos termos referidos, mas deve ser entendido em sua concepção mais ampla, envolvendo, além do econômico e social, os aspectos políticos, culturais e ambientais. A avaliação dos efeitos do turismo é uma tarefa complexa, pelas dificuldades na obtenção de estatísticas necessárias, padronizadas para os diversos países envolvidos e em face do atual estágio metodológico dos estudos e de análises do setor serviços, no qual também se inclui o turismo.

O planejamento é essencial para o turismo de qualquer cidade, e deve ser bem aproveitado uma vez que a Copa do mundo de 2014 trará grande visibilidade, a fim de projetar as cidades sede para o mundo. Assim, de acordo com Sánchez (1999 apud ASHWORTH & VOOHD, 1991; KEARNS & PHILO,1993), o city marketingé introduzido como um conceito extremamente necessário para a divulgação das cidades, onde as mesmas passam a ser tratadas como produtos à venda, e o marketing é utilizado para aumentar a capacidade de atração do produto, que no caso é a cidade.

E foi devido a uma crise financeira, de segurança e política nos jogos olímpicos de Montreal, Munique e Moscou, que ficou evidente o interesse em se aproveitar de determinado megaevento esportivo para desenvolver o turismo do local. De acordo com Fussey e Clavell (2011, p.158):

[…]a atenção deslocou-se para colher todos os lucros potenciais das experiências de lazer mercantilizado trazidas por megaeventos. A esse respeito, os Jogos Olímpicos privatizados e movidos pelo lucro de Los Angeles, em 1984, são um exemplo. Nesse caso, atrair turismo e investimento internacional, e, assim, orientar a comercialização do lugar na cidade para os consumidores externos, tornou-se uma característica definidora do marketing do megaevento, e coloca o megaevento urbano nos discursos e práticas da “cidade empresarial” de Harvey (1989).

E assim como qualquer grande evento, é certo que o mesmo trará legados ao local onde foi realizado. De acordo com Madruga (2008), em princípio, a realidade de um megaevento esportivo leva a crer que se os jogos não ocorressem dificilmente este dinheiro seria destinado para a educação, o transporte, a saúde ou o saneamento, uma vez que o governo trabalha com planejamentos plurianuais, que levam em conta suas prioridades, que são estabelecidas a partir de políticas públicas e planos de ação.

Para que os megaeventos esportivos tragam desenvolvimento e um belo legado ao local onde será realizado, fica evidente a preocupação em observar os megaeventos esportivos que já aconteceram em outras regiões, trazendo todo o conhecimento que ajudaram a criar um legado. Para conseguir tal legado, muitas vezes, as exigências acabam por reivindicar e alterar, em caráter desclassificatório, determinadas práticas e política locais, como citado por Fussey e Clavell (2011, p.157):

Em anos mais recentes, megaeventos tornaram-se vinculados a uma série de políticas urbanas de longo prazo que transcendem o efêmero “palco” do evento real e ressoam ao longo do tempo e do lugar. Tais políticas incluem geralmente aspirações para a “regeneração” e uma melhor “sustentabilidade” de uma determinada área, a securitização generalizada de geografias e toda uma reorganização da governança urbana. Quanto a essa última, megaeventos como os Jogos Olímpicos e a Copa do Mundo geram uma gama de exigências de órgãos internacionais (como o COI e a FIFA, respectivamente) que podem colidir com práticas e políticas locais, e miná-las.

Uma das exigências da FIFA é que o país onde a Copa será realizada forneça, pelo menos, oito estádios modernos com capacidade para acomodar entre 40 mil a 60 mil espectadores. Durante 2002, a Copa ocorreu no Japão e na Coréia do Sul e cada um ofereceu dez estádios. Devido a falta de infraestrutura existente para o futebol, a Coréia do Sul construiu dez novos estádios a um custo aproximado de 2 bilhões de dólares. Já o Japão construiu sete novos estádios e reformou outros três a um custo de 4 bilhões de dólares. Após alguns incidentes terroristas nos Jogos Olímpicos de 1972 e 2000 e em 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos, ficou claro a necessidade em se tomar maiores medidas de segurança. A Grécia, por sua vez, gastou 1 bilhão de dólares em segurança durante os Jogos Olímpicos de 2004.

“A licitação da África do Sul para a Copa do Mundo de 2006 foi baseada, em parte, na promessa de que iria apoiar a economia em aproximadamente 6 bilhões de dólares e criar cerca de 129.000 novos postos de trabalho. (KHOZA, 2000 apud ESTENDER, VOLPI, FITTIPALDI, 2011, p.6). A promessa foi realizada e a Copa de 2010 na África do Sul trouxe legados sociais e econômicos que o tornaram um país emergente. Segundo Agostini1, os turistas passaram a interagir com o país, havendo o surgimento de albergues, restaurantes de comida típica, bares e passeios diferentes em várias cidades. Johannesburgo é um exemplo das cidades que tiveram um grande desenvolvimento, tendo sido ela a cidade sede da Copa 2010. O fim da segregação racial, e depois, a Copa do Mundo, fez com que África do Sul entrasse para o Brics, o grupo de países emergentes.

Ainda de acordo com Agostini, é fácil perceber que a “África do Sul depois da Copa” é melhor. A estrutura de transportes passou por mudanças, se tornando mais tecnológica e moderna, transformando Johanesburgo em um dos mais importantes locais do hemisfério sul. Além disso, foi possível notar a diminuição na criminalidade e a multiplicação dos meios de hospedagem, mostrando assim que a Copa pode trazer benefícios, muitos deles focados no turismo e economia.

.

BELO HORIZONTE E OS MEGAEVENTOS ESPORTIVOS

Por volta de 1890, o antigo Arraial do Curral Del Rey, já com o nome de Belo Horizonte, começa a assistir a demolição e desapropriação de casas para dar lugar a nova capital de Minas. Na medida em que a cidade ia surgindo, nasciam estabelecimentos de iniciativa particular em diversos ramos de atividade. Surgiam, então, os primeiros hotéis e pensões, concentrados espacialmente onde se localiza hoje a Praça Sete (BMG, 1988 e RICCI, 1996).

O plano da cidade sofreu influência do ideal de modernidade, progresso e avanço tecnológico e o positivismo se expressou pelo gosto da ordenação que refletiu na idealização de uma cidade com rigidez geométrica, funcional, limpa e saudável, sendo que para isso foram previstos parques e áreas verdes (MAGALHÃES, 1989).

A Avenida 17 de Dezembro (atual Avenida do Contorno) concretizava a perspectiva da centralidade, funcionando como uma moldura para a área planejada e higienizada da capital (MEDEIROS, 2001). A área central corresponde a primeira zona urbana do plano inicial, onde estão instaladas as principais atividades e funções do centro urbano capitalista de Belo Horizonte. As primeiras ocupações e, depois a expansão das atividades se deram nessa área, representada então como o lugar de formação e consolidação da capital (PBH, 1995).

A praça da liberdade, projetada desde o início para abrigar o poder, tinha posição privilegiada, tanto na arquitetura quanto na localização. No início do século, seu espaço envolvia tanto as atividades políticas e administrativas como as de lazer. A Rua da Bahia tornou-se palco da vida cultural da cidade – subir Bahia era encontrar o Café e Bar do Ponto, a Charutaria Flor de Minas, o Cinema Odeon, o Clube Belo Horizonte, o Cinema Colosso, a Confeitaria Suíça, o Teatro Municipal, o Café e Confeitaria Estrela e a Livraria Alves atingindo o Grande Hotel.

Por outro lado, a Av. Afonso Pena reafirmava sua função do lugar de intercâmbio, condicionando os deslocamentos, ao conduzir as pessoas que chegavam pela estação ferroviária aos principais pontos da cidade. Como passagem obrigatória, a avenida reafirmava essa função pela concentração de atividades e serviços no contexto urbano (MONTE-MÓR, 1994).

A importância da Avenida Afonso Pena e as imediações da Praça da Estação em relação ao desenvolvimento dos meios de hospedagem, consiste no fato de que próximos à Praça da Estação e ao Parque Municipal, estavam os hotéis mais valorizados da época (1897-1920) e próximo à Praça da Liberdade haviam pensões e hotéis mais simples que datam de antes da inauguração da cidade. Porém, alguns próximos à Praça da Estação se tornariam, nos primeiros anos da cidade, locais de prostíbulos.

Apesar de várias crises que ocorreram no início do século, a representação de Belo Horizonte enquanto centro industrial cresceu entre os anos de 1912 e 1920. Era considerada a terceira cidade do estado em valor da produção, onde predominavam os estabelecimentos industriais para a produção de bens de consumo não-duráveis (BMG, 1988).

No início da década de 1920, Belo Horizonte já havia perdido a condição de uma economia dependente das suas funções de capital do estado. Sua indústria tinha adquirido alguma expressão e, dessa forma, a cidade já representava o terceiro município industrial de Minas (SINGER, 1968). Nesse momento, Belo Horizonte assiste a uma nova retomada de crescimento – na parte norte da zona urbana (que corresponde a área central, próxima à Estação Ferroviária e à Praça do Mercado, atual Praça Rio Branco, próxima a Rodoviária) que era o local onde se desenvolviam atividades diversas como o comércio, serviços, indústrias e áreas residenciais.

Belo Horizonte, nesse período, começa a mudar de estatura e largura. Os sobrados e bangalôs começam a dar espaço aos prédios e os bondes passam a dividir as ruas com os automóveis (MONTE-MÓR, 1994). Em 1935, era movimentada a vida noturna de Belo Horizonte, que somava diversos cafés como o Paris e o Íris, onde corriam muitos assuntos políticos, e os cafés Estrela e Iara, muito frequentados pelos estudantes (SILVA, 1991).

A cidade se expandiu demasiadamente, não somente no sentido da cidade industrial e dos respectivos bairros operários, mas também em áreas residenciais e de lazer para as elites, entre elas a Pampulha. Juscelino Kubistchek, buscando a modernização urbana da cidade, inicia a construção da barragem da Pampulha e seu complexo arquitetônico moderno tornou-se um marco expressivo na cultura mineira e nacional, trazendo à tona a ideia de modernidade, evidenciando a oposição entre o novo e o antigo. A região da Pampulha teve papel importante no desenvolvimento do turismo e do lazer em Belo Horizonte, representando o principal cartão postal da cidade. Com a implantação do complexo, foram necessárias alterações no sistema viário, que implementou a circulação com grande número de ônibus urbanos(MONTE-MÓR, 1994).

No intuito de controlar e manter a organização do processo de expansão e ocupação da cidade, o poder público adotou uma série de medidas, como a elaboração de um novo plano geral da cidade. Já em 1947, quando atravessa seus primeiros 50 anos de existência, Belo Horizonte atinge a casa dos 300 mil habitantes. A economia caminhou bem durante a ditadura de Vargas até o início dos anos 50; nesse momento, a cidade é considerada o principal centro industrial de Minas e um dos maiores do Brasil. Porém, a deficiência dos serviços de saúde, educação, lazer, segurança, abastecimento e outros se agravaram bastante (BMG, 1988). Completando cinquenta anos de fundação, a cidade vivia o seu segundo surto modernizante que teve na arquitetura e nas propostas urbanizadoras os elementos simbólicos centrais do progresso e do desenvolvimento. Porém, era preciso sanar problemas sociais e criar novas condições espaciais para o futuro (MEDEIROS, 2001).

O período que sucede a década de 50 tratou-se de um momento peculiar e de difícil resolução, no que tange os problemas urbanos que a cidade de Belo Horizonte já possuía. Encurralada pelo entrave da expansão urbana, a cidade se estruturou, com fins de incorporar o caráter que representava, já de uma metrópole.

De uma maneira geral, a nova fase de industrialização e expansão urbana ocorrida na cidade salientou as precárias condições de vida da população de baixa renda, pois “o crescimento econômico ocorrido na época não implicou nenhum desenvolvimento social” (HORTA, 1994). Pelo contrário, promoveu uma maior segregação social e, por consequência, o deslocamento das favelas, além de uma insuficiência pública em atender os serviços básicos desta expansão periférica. Data-se desta época a aprovação da lei de uso do solo (1976), que veio para reforçar as tendências da formação urbana de Belo Horizonte.

Em 1985, foi criada a nova Lei de Uso e Ocupação do Solo Urbano do município de Belo Horizonte, que apresentava alterações significativas ao documento anterior, porém, estimulou a ocupação residencial do centro urbano, pelas famílias de renda média. Acoplado ao estímulo ocupacional, iniciou-se uma recuperação física do Centro Tradicional, entretanto, começou também uma invasão do comércio ambulante.

No Centro Tradicional, vários meios de hospedagem iniciaram suas atividades como alguns localizados nas ruas Oiapoque, Santos Dumont, Rio de Janeiro, dentre outros, que seguiram a expansão urbana ocasionada pela abertura da Avenida Amazonas. E, após a abertura de loteamentos na região da Savassi, inicia-se o processo de fixação de meios de hospedagem, em especial de hotéis, bem como a incidência dos primeiros flats da cidade. Na Savassi, é possível citar os hotéis situados nas Ruas Sergipe, Bahia e Getúlio Vargas e, quanto aos flats, os que se localizam nas ruas Cláudio Manoel e Getúlio Vargas.

Por complemento às modificações viárias ocorridas na cidade, o mercado hoteleiro acompanhou sua reestruturação, fixando meios de hospedagem nos Bairros da Lagoinha, Santa Amélia (vetor norte), saídas para Brasília e para o Rio de Janeiro (BR 040), para São Paulo (BR 381) e para Sabará (MG 262), em sua maioria motéis, formando, por vezes, corredores à mercê de sua demanda cada vez mais crescente.

Considerado oficialmente o único cinco estrelas da capital, o Ouro Minas Palace Hotel, inaugurado em 1996, tornou-se um importante ícone para a urbanização que se estendia para o vetor norte, por incorporar um setor ainda inexistente nesta região, a hotelaria. Por complemento, o hotel trouxe consigo uma infraestrutura para suprir o setor de serviços necessários ao funcionamento de um hotel, como transporte, entretenimento etc. Sua inserção na região norte veio contribuir, não apenas para consolidar a expansão para tal vetor, mas também para fomentar o desenvolvimento social e efetiva urbanização dos bairros limítrofes.

Observando o lado oposto da cidade, a ocupação da região da Savassi tornou-se bastante intensa pela nova categoria de meios de hospedagem, iniciada na década passada. Os flats responderam pela maioria dos empreendimentos fixados, instalando-se em pontos estratégicos da Savassi e Lourdes. Amparados pela onda favorável de incentivos fiscais, em prol do crescimento hoteleiro nacional e municipal, os proprietários de hotéis também viram a expansão do mercado que circunda os negócios na capital mineira. Assim, vários empreendimentos foram construídos, intencionalmente, para abarcar a população que se deslocava a Belo Horizonte por transações comerciais, de todos os portes, regados, entretanto, de alguns incentivos, como facilidades tributárias oferecidas tanto pelos empreendedores, quanto pelas administradoras imobiliárias. Além disso, os investidores foram atraídos por um retorno de investimento rápido e alto, em função do nicho de mercado (empresários) que vêm constantemente à capital.

Após o desenvolvimento de pesquisas, fica evidente o nível de crescimento e investimento que a cidade de Belo Horizonte está recebendo, com o intuito de realizar a Copa do Mundo de 2014 com uma estrutura bem desenvolvida. Desta forma, torna-se necessária a informação e opinião de pessoas que são do ramo turístico e que trabalham para o desenvolvimento do mesmo.

Após entrevista com a diretora da Belotur, órgão municipal de turismo de Belo Horizonte, acredita-se que se a Copa fosse hoje, a cidade não estaria apta ao recebimento da mesma, mas que o poder público está trabalhando para isso. Além disso, a proximidade de outro megaevento esportivo, como a Copa das Confederações que será realizada em 2013, servirá como uma base de teste para a Copa de 2014, uma vez que será necessário avaliar se a cidade conseguirá receber e atender todo o público esperado.

Segundo a mesma, Belo Horizonte hoje enfrenta alguns desafios, como a falta de qualificação, que faz com que trabalhadores sem experiência ou não proficientes em outro idioma não consigam atender aos visitantes estrangeiros.

Além disso, a população também, muitas vezes, não ajuda, sendo assim é necessário introduzir um pensamento positivo, sobre os benefícios que serão trazidos à cidade. Desta forma, seria válida a criação de uma campanha de conscientização, como «Você faz parte dessa Copa», buscando a participação mais ativa da população.

Segundo a entrevistada, hoje o número de hotéis existentes na cidade é insuficiente para receber um evento de tão grande porte, porém, com a construção dos novos hotéis, justamente para absorver a demanda de turistas gerada pela Copa de 2014, acredita-se que a hospedagem em Belo Horizonte será suficiente para o número de turistas previstos. A confiança de que a cidade estará apta a receber determinado megaevento se deve a um estudo de consultoria que foi realizado pela própria BELOTUR, em parceria com a SECOPA-MG e a Prefeitura de Belo Horizonte.

Ainda assim, a entrevistada destaca alguns benefícios, uma vez que a construção de novos hotéis além de trazer desenvolvimento econômico para a região influencia e direciona a requalificação dos espaços no entorno.

É sabido que Belo Horizonte passará por um processo de revitalização em alguns pontos específicos, como no entorno de um empreendimento hoteleiro que está sendo implantado em uma área de destaque bem no centro de Belo Horizonte, e é um local que necessita de mudanças devido à falta de infraestrutura urbana para comportar uma demanda hoteleira.

Além disso, a presença de moradores de rua nos arredores é constante, sendo necessário não só efetuar a retirada dos mesmos, como também efetivar uma política social eficiente, que os adéque em um local com o mínimo necessário para se sobreviver dignamente.

Sendo assim, para efetuar um evento de sucesso, está sendo feito um planejamento para a Copa de 2014 em Belo Horizonte, que contou com a análise de megaeventos esportivos internacionais, sendo disponibilizada uma verba pelo governo para o benchmarking, onde é enviado um responsável que participa do evento, e após cria um relatório contendo informações que são importantes e relevantes à Belo Horizonte, o que pode ajudar no desenvolvimento de uma copa do mundo de sucesso.

É notável a apreensão da entrevistada em relação à expectativa gerada por este megaevento esportivo, tanto para o poder público, quanto para a população e investidores, uma vez que ele será de extrema importância na projeção da cidade de Belo Horizonte para o mundo. Apesar dos problemas existentes hoje, acredita-se que haverá um bom atendimento do público, e que tudo dará certo após muito trabalho.

A Copa do Mundo de 2014 possui prazo para acontecer, desta forma, é importante se pensar no pós-copa, uma vez que a cidade ganhará infraestrutura e visibilidade, podendo se utilizar da oportunidade para o desenvolvimento do turismo. É necessário que os erros sejam sanados, para que os mesmos não acabem passando uma imagem ruim da cidade. Quanto mais visibilidade Belo Horizonte receber, maior será o número de turistas e dinheiro circulando pela cidade.

Após a coleta de informações, foi feita uma entrevista com o assessor da SECOPA-MG, Secretaria Especial da Copa onde foram abordados os mesmos temas propostos na entrevista acima, porém, com foco na área hoteleira e em dados concretos.

Segundoo entrevistado, a área no entorno de um empreendimento hoteleiro que está em construção com o intuito de ser um dos melhores hotéis do Brasil, passará por revitalização a ser feita em conjunto com a prefeitura de Belo Horizonte.

Ainda de acordo com o assessor da SECOPA-MG,as informações presentes nos jornais são incoerentes com a realidade. Foi apresentada aos pesquisadores uma tabela atualizada, contendo os hotéis em construção, sendo evidenciado o número de hotéis com obras paralisadas, que segundo dados de campo da Prefeitura de Belo Horizonte se mostra bem pequeno.

Foi informado que recentemente um hotel que está sendo implantado na região da Pampulha teve sua licitação liberada, estando ele assim apto à construção. O problema de altimetria que estava causando o impedimento foi solucionado com a horizontalização do empreendimento, como já ocorre em outros hotéis na mesma região.

A população da região foi mobilizada a fim de proteger a Pampulha da verticalização, uma vez que esta ainda é uma das poucas áreas em Belo Horizonte com tal característica, que é cada vez menos comum e deve ser preservada. Houve a criação de abaixo-assinados e manifestações, porém, tudo parece ter sido resolvido de forma pacífica, dentro dos trâmites da lei. Ocorreu outro problema, desta vez, com o sistema de esgoto do bairro, que não estava apto a receber de um hotel a grande demanda exigida para o mesmo. A solução encontrada foi a substituição deste sistema. Durante a entrevista, fica claro o objetivo do entrevistado em passar a ideia de comunicação e parceria entre os órgãos públicos, empreendimentos e associações de moradores da região.

Já em uma previsão para o pós-copa, o entrevistado acredita que os hotéis mais antigos serão aos poucos substituídos pelos mais novos. Será necessário um trabalho em conjunto entre governo e empreendimentos, fazendo com que Belo Horizonte capte mais eventos para a cidade, desenvolvendo assim seu potencial máximo para o turismo de eventos.

Para a Copa 2014, o entrevistado acredita que o número de hotéis e leitos será suficiente e que não está em excesso. Da previsão inicial de hotéis a serem construídos, houve uma queda devido à desistência de continuar o projeto pelos próprios empreendedores, que ao ver o desenvolvimento dos outros hotéis, acabaram por cancelar as obrasmesmo possuindo licitação. Com base nas informações apresentadas, foi elaborado pelos pesquisadores um mapa com a localização dos novos empreendimentos hoteleiros de Belo Horizonte (figura 1).

FIGURA 01 – Localização dos hotéis em construção em função da Copa do Mundo de 2014 em Belo Horizonte

 01INC1901WEB

Fonte: autores da pesquisa

Dentre os outros equipamentos que poderão ser utilizados pelo turismo, o BRT – Bus Rapid Transit, sistema de transporte rápido por ônibus, se destaca por diminuir o tempo de deslocamento da população e turistas, uma vez que estes veículos utilizam corredores de circulação exclusiva e não enfrentam congestionamentos. Segundo o portal 20144, as obras do BRT em todos os pontos mencionados estão com o andamento previsto, não havendo nenhuma interrupção.

Além do BRT, outro equipamento de extrema relevância é o Aeroporto Internacional Tancredo Neves em Confins, que passa por modernização, implantação de novo terminal além do aumento da pista e estacionamentos para veículos. Segundo o portal 20145, as obras seguem em andamento com finalização prevista para dezembro de 2013. O aeroporto de Confins conta com iniciativa pública, porém, de acordo com notícia no portal 20146, o governo concedeu o mesmo para empresas privadas, com o objetivo de aumentar o investimento e consequentemente o conforto dos passageiros.

Já o Mineirão, estádio responsável por receber os jogos disputados na Copa de 2014 passou por uma reforma tanto interna, quanto externa, que aliou tecnologia, sustentabilidade e dinamismo na recuperação do espaço. O estádio começou a ser reformado em junho de 2010, onde ocorreu o rebaixamento do gramado, assim como adaptação de painéis solares e criação de uma explanada. O estádio, apesar de ainda não estar completamente pronto, foi entregue em dezembro de 2012, com a presença da Presidenta Dilma Roussef, que discursou sobre a boa imagem que será passada ao mundo, com a entrega de mais um estádio em tempo hábil.

Após o término das obras, espera-se que o estádio se revele como um local de lazer multicultural, uma vez que a presença de lojas, restaurantes e esplanada para eventos, acabe por atrair moradores e turistas.

DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 

A partir dos dados apresentados, conclui-se que os objetivos inicialmente propostos por este artigo foram alcançados. O megaevento e o turismo influenciam a produção do espaço em Belo Horizonte a partir do momento em que se verifica a construção de novos meios de hospedagem, obras de mobilidade urbana e espaços de lazer multiuso. Se por um lado inicialmente ocorreram problemas de irregularidades da legislação urbana que, inclusive, culminou na mobilização de moradores, por outro lado, a cidade também ganhou um novo espaço de lazer mais moderno e apto a receber os turistas e a comunidade de Belo Horizonte com a modernização do Mineirão.

Em relação ao objetivo de identificar algumas experiências internacionais de cidades que foram sedes de eventos esportivos, foram apresentadas informações sobre a Copa do Mundo de 2010 na África do Sul, que apontam alguns benefícios do evento para o país, citando seus impactos econômicos, turísticos e sociais.

Como todo grande evento, é certo que haverá impactos e legados. Espera-se que estes sejam positivos e venham agregar de alguma forma um maior desenvolvimento, tanto financeiro, como social. O Brasil recebeu a Copa do Mundo em 1950, desta forma, o tempo conta como um fator importante, uma vez que deu oportunidade para o país aprender com seus erros e agregar conhecimento que pode ser usado na Copa de 2014.

Segundo Villano et al. (2008), os legados dos eventos podem ser divididos em cinco categorias, cada uma contendo subitens específicos. Foram identificados os seguintes legados a serem deixados à cidade de Belo Horizonte.

A primeira categoria pode ser caracterizada como os legados do evento em si, como suas construções esportivas (arenas, estádios e outros equipamentos), que serão utilizados pela população no pós-copa. Além disso, obras de infraestrutura urbana, como a implantação de BRT’s, que servirão de escapatória para os grandes congestionamentos enfrentados pela população. Há também a criação de empregos, sendo eles temporários ou permanentes, que acabam por diminuir a taxa de desemprego da população de Belo Horizonte.

A segunda categoria trata de legados da candidatura do evento, que pode ser definida como o aprendizado que será propiciado pelo megaevento, tanto no processo em si, como na organização do evento. É um legado de extrema importância, uma vez que agrega conhecimento que jamais será esquecido, podendo ser utilizado em outras oportunidades.

A terceira categoria é focada nos legados da imagem do Brasil, sendo ela composta pela projeção da imagem do país, assim como de suas oportunidades econômicas que devem ser positivas para atrair visitantes internacionais. Os brasileiros também devem demonstrar nacionalismo e confiança em seu país, sendo assim, Belo Horizonte por ser uma cidade de grande destaque no Brasil, por suas tradições e culturas, deve ter uma boa projeção tanto para o exterior quanto para os próprios brasileiros.

A quarta categoria denominada de legados de governança trata do desenvolvimento de comunicação e entrosamento entre órgãos públicos e parcerias privadas. Belo Horizonte, como citado, possui parcerias público-privadas, com o intuito de oferecer a infraestrutura necessária e o bom andamento burocrático para ambos os casos. É importante observar a capacidade de troca de informações dos órgãos públicos, para identificar problemas e incompatibilidades no governo.

E a quinta é possivelmente o mais importante para acadêmicos e pesquisadores, os legados de conhecimento, que tratam de transferir o conhecimento adquirido durante todo o processo de desenvolvimento do megaevento esportivo para a gestão de futuros eventos similares. Além disso, é evidenciada a grande quantidade de informações, tal como relatórios, banco de dados e outros, que serão criados com o intuito de gravar tudo que foi aprendido e pesquisado, dando origem a produção de pesquisas científicas como esta.

.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após o desenvolvimento deste trabalho, fica evidente a iniciativa do poder público em receber este megaevento na cidade de Belo Horizonte, proporcionando tanto aos turistas quanto aos seus moradores uma boa infraestrutura urbana. É importante ressaltar mais uma vez a importância deste trabalho para seus autorese para a cidade de Belo Horizonte que ganha mais um projeto acadêmico onde são analisadas as vertentes do turismo sob o ponto de vista dos megaeventos esportivos na capital mineira. A Copa de 2014 é um evento único e que trará muitos legados e impactos, que servirão de exemplo para eventos futuros, agregando conhecimento. Espera-se que o poder público continue investindo no turismo, uma vez que é uma área de extrema importância para a economia de qualquer local, trazendo, assim, cada vez mais desenvolvimento para a cidade de Belo Horizonte.

.

REFERÊNCIAS

BMG, Iniciativa Cultural Empresas. Memória da Economia da Cidade de Belo Horizonte. BH 90 anos. 1988.

CASTELLS, M., BORJA, J. As cidades como atores políticos. Novos Estudos nº 45, São Paulo, 1996, p.152-166.

FUSSEY, Pete, CLAVELL, Gemma Galdon. Introduction: towards new frontiers in the study of mega-events and the city. URBE. Revista Brasileira de Gestão Urbana (Brazilian Journal of Urban Management), v. 3, n. 2, p. 157-158, jul./dez. 2011.

HARVEY, David. Espaços Urbanos na “Aldeia Global”: reflexões sobre a condição urbana no capitalismo do final do século XX. Transcrição e tradução de gravação de palestra. Belo Horizonte, 1995. 

HORTA, Célio Augusto da Cunha. Belo Horizonte: a construção de um saber geográfico. Universidade Federal de Santa Catarina, 1994. Florianópolis. Dissertação de Mestrado em Geografia. 373p.

Khoza, Irvin, “World Cup Bid Speech,” South African Football Association. Disponível em: <http://www.safa.org.za/html/bid_news.htm>. Acesso em: 25 fev. 2010. In: ESTENDER, Antonio, VOLPI, Almir, FITTIPALDI, Marco. O legado da Copa do Mundo de 2014.

Laboratório de turismo PUC Minas. Mês de aniversário do Mineirão. Disponível em: < http://turismopucminas.blogspot.com.br/2012/09/mes-aniversario-mineirao.html>. Acesso em: 04 jan. 2013.

MADRUGA, Djan. Legados de megaeventos esportivos: Megaeventos esportivos como gestão de custos oportunidade. 1. ed. Brasília, 2008.

MAGALHÃES, Beatriz de Almeida. Belo Horizonte: Um Espaço para a República. UFMG, 1989.

MEDEIROS, Regina (org.), José Márcio Barros [et al.]. Permanências e mudanças em Belo Horizonte. Belo Horizonte: PUC Minas – Autêntica, 2001.

MONTE-MÓR, R. L. (2006). As teorias urbanas e o planejamento urbano no Brasil. In C. C. Diniz & M. A. Crocco (Eds.). Economia Regional e Urbana: contribuições teóricas recentes (p. 61-85). Belo Horizonte: Editora UFMG.

MONTE-MÓR, Roberto Luís de Melo (coordenador). Belo Horizonte: Espaços e Tempos em Construção. Belo Horizonte: CEDEPLAR / PBH, 1994. (Coleção BH 100 anos).

Portal da Copa. Infográfico detalha as principais características do estádio. Disponível em: <http://www.copa2014.gov.br/pt-br/noticia/novo-mineirao-infografico-detalha-principais-caracteristicas-do-estadio>. Acesso em: 04 jan. 2013.

Prefeitura de um Belo Horizonte. Cenas de um Belo Horizonte. Belo Horizonte: PBH, 1995.

RABAHY, Wilson. Turismo e desenvolvimento. 1. ed. São Paulo: Manole, 2003.

SÁNCHEZ, Fernanda. Entrevista concedida aos organizadores do II Seminário PPLA: economia, sociedade e território. Disponível em <http://www.coopere.net/ppla> Acesso em: 04 de ago. 2010.

SANCHÉZ, Fernanda. Políticas urbanas em renovação: uma leitura crítica dos modelos emergentes. Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais. n.1. maio/1999, p.115-132.

SCOTTI, Marcella, TEIXEIRA, Cássia, SAADI, Allaoua. A estruturação/dispersão da rede hoteleira no espaço urbano de Belo Horizonte. Monografia de Especialização. Programa de Pós-Graduação em Turismo e Planejamento Sustentável. Instituto de Geociências. Universidade Federal de Minas Gerais. Belo Horizonte, 2005.

VAINER, Carlos B. Utopias urbanas e o desafio democrático. Revista Paranaense de Desenvolvimento. Curitiba, 2003.

VILLANO, Bernardo, Dirce Maria Corrêa da Silva [et. al.] Legados dos megaeventos esportivos – Seminário “gestão de legados de megaeventos esportivos”: Pontos de Convergência. 1 ed. Brasília, 2008.

WHITAKER, João. Entrevista concedida aos organizadores do II Seminário PPLA: economia, sociedade e território. Disponível em <http://www.coopere.net/ppla> Acesso em: 04 de ago. 2010.

NOTAS

1-Discentes do curso de Tecnologia em Gestão de Turismo, alunos de Iniciação Científica do Centro Universitário Newton Paiva.

2-Coordenadora da pesquisa, Docente do Centro Universitário Newton Paiva.

3-http://oglobo.globo.com/boa-viagem/africa-do-sul-em-versao-pos-copa-esta-mais-atraente-para-visitante-2765099

4-http://www.portal2014.org.br/andamentoobras/41/Belo+Horizonte++BRT+Antonio+CarlosPedro+I++MG.html

5-http://www.portal2014.org.br/andamento-obras/18/Belo+Horizonte++Aeroporto+Internacional+Tancredo+Neves+Confins.html

4-http://www.portal2014.org.br/noticias/11219/GOVERNO+ANUNCIA+CONCESSAO+DE+AEROPORTOS+DO+GALEAO+E+DE+CONFINS.html