Heloisa Cristina Vieira de Andrade[i]
Denise Leitoguinho Rossi[ii]
RESUMO
Este artigo objetiva discutir os resultados obtidos na pesquisa de clima organizacional, realizada em uma empresa de pequeno porte do ramo de blocos e artefatos de cimento, durante a prática de estágio V – Psicologia no Trabalho. De acordo com os resultados obtidos, faz-se uma contextualização teórica sobre profissionalização de pequenas empresas familiares, chegando-se à conclusão de como esse processo é fundamental para que a empresa pesquisada consiga se manter no mercado atual.
Palavras-Chave:Clima Organizacional; Profissionalização; Pequenas empresas familiares.
1. INTRODUÇÃO
Este trabalho pretende mostrar o resultado da pesquisa de clima organizacional realizada em uma empresa de pequeno porte do ramo de blocos e artefatos de cimento, no segundo semestre de 2010, durante a prática do estágio de Psicologia do Trabalho II, que estabelece os indicadores para o Diagnóstico de Clima Organizacional. Tem-se por objetivo identificar o estado atual da empresa, levando em consideração aspectos humanos e comportamentais do trabalho e realizar intervenções de acordo com os resultados.
Para obtenção dos dados, aplicou-se o Questionário de Diagnóstico Organizacional (QDO)[iii] e realizou-se entrevistas com os seis funcionários e com o proprietário da empresa, o que possibilitou a coleta de dados referentes à história da organização e aos cargos ocupados, como função, perfil do cargo e sugestões de melhorias.
Em geral, os indicadores avaliados no Diagnóstico Organizacional, por meio do QDO, apontaram para uma boa satisfação dos colaboradores da empresa, como se observa no gráfico a seguir:
Fazendo uma análise quantitativa dos indicadores, constata-se, de forma geral, que a pesquisa de clima realizada apresenta resultado favorável, porém nas entrevistas individuais, que nos dão suporte para a análise qualitativa e entendimento das particularidades do negócio, o que se percebe é que a empresa pesquisada necessita de ter suas estratégias e ideais renovados.
Cabe destacar que a empresa pesquisada é de pequeno porte e familiar, sendo os cargos administrativos ocupados pelo marido, que é o proprietário, pela esposa e pela filha. Por ser familiar, observa-se a necessidade de que ela passe por um processo de profissionalização para que o seu negócio cresça e se torne mais competitivo na região em que atua.
Após a realização do diagnóstico, viu-se, juntamente com o proprietário, a importância de desenhar um plano de ação com o objetivo de gerar melhorias significativas no negócio, como pode ser visto a seguir:
- Construção e Implantação do Planejamento Estratégico, Missão, Visão e Valores.
- Criação de um organograma, definindo as atuações e responsabilidades de cada um, e definindo os horários de trabalho.
- Elaboração de um manual de cargos e salários.
- Organização dos processos de recrutamento e seleção.
- Realização de acompanhamento do funcionário após a entrada na empresa.
- Investimento em comunicação, captação de novos clientes e fidelização dos atuais.
A partir do plano elaborado, objetiva-se verificar se, com as ações realizadas, a empresa teria mais condições de se manter mais competitiva no mercado atual.
2. APRECIAÇÃO TEÓRICA
A cultura organizacional e o clima interno de uma empresa são um dos subsídios para se chegar a um diagnóstico organizacional. É por interferência da cultura existente que os indivíduos de uma organização tendem a se comportar de acordo com as crenças e valores compatíveis com a empresa, tentando seguir modelos que serão reconhecidos e bem-sucedidos. (PEREIRA 1999)
Para que a empresa passe por um processo de profissionalização, é necessário que a cultura e os membros da organização estejam ajustados, os funcionários precisam compartilhar dos seus objetivos e ter as mesmas prioridades, visando as ações que sustentarão essa nova estrutura.
Conforme Adachi (2010)[iv], é comum em um processo de profissionalização defrontar com certas resistências à mudança, pois é uma fase que demanda modificações no relacionamento entre as pessoas e uma nova postura, orientada por sistemas mais definidos, disciplinados e por novas práticas. Essa resistência ocorre na maioria das vezes com funcionários que estão acostumados com um sistema sem hierarquia definida e que não leva o negócio com a seriedade necessária.
De acordo com Lodi (1993), a profissionalização é o processo pelo qual uma organização familiar ou tradicional assume práticas administrativas mais racionais, modernas e menos personalizadas. É indispensável que a empresa familiar se profissionalize ainda sob a gestão do fundador, sendo ele a pessoa mais indicada para engajar o projeto e para tornar a empresa mais lucrativa e competitiva.
É nesse rumo que se deve pensar em uma nova gestão e iniciar um processo de profissionalização, baseado nas seguintes mudanças:
- O estilo gerencial adotado pelo proprietário.
- Nível de comprometimento e envolvimento do proprietário na condução do negócio.
- Implantação do Planejamento Estratégico.
- Formalização dos sistemas administrativos.
- Delegação dos poderes, das atuações e responsabilidades de cada um.
- Investimento em divulgação do produto.
É fundamental que as empresas familiares percebam a profissionalização como algo indispensável para permanecer no mercado atual, para que se mantenham competitivas e tenham condições de progredir com seus negócios.
3. CONCLUSÃO
Em suma, os resultados obtidos com este trabalho apontam para melhorias no desempenho da empresa, que se deram a partir de intervenções já realizadas. Mas ainda são necessárias mudanças significativas para que a empresa Roma alcance um nível de profissionalização mais apurado.
Um processo de profissionalização levado com seriedade pode possibilitar ainda para a organização:
- Melhoria da eficiência interna, acarretando maior organização e competitividade.
- Modernização administrativa da empresa.
- Funcionários mais motivados, com maior nível de produtividade.
- Expansão do negócio, oferecendo novos tipos de serviços e produtos.
- Aumento do faturamento da empresa.
Diante dessa perspectiva de crescimento, faz-se necessário rever os paradigmas que norteiam os valores da cultura dentro da empresa. É imprescindível que todos estejam alinhados, com os mesmos objetivos, e que aceitem as mudanças advindas de novos processos.
O que se percebe com este trabalho é que uma pequena empresa familiar tem potencial para ser referência e se destacar dentre outras empresas. Para isso é necessário que o fundador do negócio deseje a mudança, acredite e ofereça subsídios para que sua equipe atue de acordo com a visão e os objetivos estabelecidos pela organização. O desenvolvimento dessa solução irá depender do grau de comprometimento do gestor e dos funcionários da empresa.
REFERÊNCIAS
ADACHI, Pedro Podboi. A Profissionalização na Empresa Familiar. Disponível em: http://www.financialweb.com.br/noticias/index.asp?cod=64547. Acesso em: 19 nov. 2010.
LODI, João Bosco. A empresa familiar. São Paulo: Pioneira, 1993, p. 25-32.
PEREIRA, Maria José Lara de Bretas. O que é e como se faz um Diagnóstico Organizacional. In:______. Na cova dos Leões: O consultor como facilitador do processo decisório empresarial. São Paulo: Makron Books do Brasil, 1999. cap. 14, p. 135-148.
[i] Acadêmica do 8º período do curso de Psicologia do Centro Universitário Newton Paiva
[ii] Professora supervisora de estágio do curso de Psicologia do Centro Universitário Newton Paiva
[iii] Metodologia quantitativa elaborada pela profª Denise Leitoguinho Rossi no LAGEP- Laboratório de gestão de pessoas
[iv] Disponível em: www.financialweb.com.br